quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Estudo permite uso de computador por criança com paralisia no RS


Equipamento capta impulsos elétricos do cérebro, possibilitando interação.

Uma tecnologia inovadora permite que crianças com paralisia cerebral consigam realizar exercícios em um computador com a força do pensamento, como mostra reportagem veiculada no Teledomingo, da RBS TV (confira no vídeo). Graças ao estudo realizado no Laboratório de Inclusão e Ergonomia da Feevale, em Novo Hamburgo, na Região do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, Elizangela dos Santos, mãe do pequeno Gabriel, de 3 anos, tem perspectiva de que o filho possa estudar normalmente.
“Crianças com deficiência têm uma dificuldade de dar continuidade à educação, e sabemos que com esse programa, com esses incentivos, vai ficar mais fácil pra ele ter uma continuidade nos estudos e não ter uma evasão escolar por falta de recursos”, diz Elizangela.
Fabricado nos Estados Unidos, o equipamento denominado Mindwave (onda mental, em inglês) faz a leitura de duas ondas produzidas na parte frontal do cérebro, uma quando a pessoa está concentrada e outra, quando está relaxada. O eletrodo capta os impulsos elétricos e os converte em sinais digitais para o computador por meio de uma conexão sem fio.
“Ajuda na concentração dele”, comenta Elizangela. “Ele tem muito mais interesse em jogos de raciocínio lógico, e ajuda bastante na atenção durante as atividades e até mesmo na escola”, diz a mãe de Gabriel.
Responsável por analisar os benefícios deste equipamento para pessoas com paralisia cerebral, a pesquisadora da Feevale Regina Heidrich destaca as vantagens do uso desde cedo. “Se a paralisia cerebral for detectada no início, se consegue que ela consiga desenvolver, através de estimulação precoce, muitas destas habilidades que faltaram lá no início”, acrescenta.
Equipamento ajuda Gabriel a aprender na Feevale, em Novo Hamburgo (Foto: Reprodução/ RBS TV)














Gabriel surpreendeu pesquisadora
Equipamento ajuda Gabriel a aprender na Feevale, em
Novo Hamburgo (Foto: Reprodução/ RBS TV)
Regina analisou o desempenho de 15 crianças e adolescentes com paralisia cerebral, ao usarem o Mindwave. Depois, testou o equipamento em 15 estudantes da Feevale, que realizaram os mesmos jogos. “Vimos que os resultados são muito parecidos”, contou.
Todos os voluntários tinham de executar quatro jogos. Na tela, um barril explode se o jogador se concentra, e uma esfera flutua quando ele relaxa. A capacidade de Gabriel surpreendeu a pesquisadora.
“Quando comecei a fazer os testes, não queria uma criança tão pequena, e pensei que ele com três anos não fosse conseguir utilizar o Mindwave. E minha maior surpresa foi que ele teve um desempenho como um adulto da universidade, como um aluno, no desempenho e no escore dos games. Fiquei muito satisfeita com esse resultado, porque eu realmente não esperava isso”, confessou.
Equipamento dá esperança a pais de deficientes
A tecnologia abre caminho para que, no futuro, um número cada vez maior de crianças e adolescentes com paralisia cerebral possa ser incluído no ensino regular. Por desconhecimento dos problemas e falta de estrutura das escolas, muitos deles não passam nem pelo processo de alfabetização.
“É um estudo em fase inicial e a ainda pretendemos muita coisa nesta área”, comenta a pesquisadora. “Acredito que com este tipo de interface possamos passar o conteúdo que o professor passa no quadro, ou que entrega em folhas, para um software que uma pessoa com grande dificuldade de coordenação motora possa utilizar”, contou.
O equipamento traz esperança para que jovens como Dieisson, de 20 anos, possam aprender na idade certa. A mãe, Cirlei Lopes, conta que ele só entrou na escola com 11 anos, e atualmente frequenta a oitava série de uma escola municipal de Nova Hartz, no Vale do Sinos.
“Se ele tivesse começado mais cedo, já teria passado o Ensino Médio e tudo. Eles são mais devagares que uma criança normal, mas aprendem”, diz Cirlei, acreditando que a inclusão é o melhor caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário