biografia escrita pelo nosso colunista Bernardo Fróes Bicalho
tem lançamento na Academia Mineira de Letras
Será no dia 03 de novembro, segunda-feira, às 19h30, no Auditório Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466 - Lourdes - BH - MG), a noite de autógrafos e lançamento do livro "Marcos Noronha Do Chão aos Sonhos", do jornalista Bernardo Fróes Bicalho.
Trata-se do livro de estréia do escritor. Portador de paralisia cerebral, o jornalista pós-graduado em Comunicação e Cultura e em Língua Portuguesa, Bernardo Fróes Bicalho, 30 anos, conta a biografia de Antônio Marcos Noronha, um garoto de Areado (interior de Minas) que, desde pequeno, sonhava ser padre e em 1965,tornou-se o primeiro Bispo de Itabira. Com 208 páginas, o livro traz prefácio escrito pelo escritor e presidente da Academia Mineira de Letras, Olavo Romano.
A justa biografia que trata a história de Marcos Noronha até seu falecimento em 1998, "mostra ao público que muitas coisas ditas, hoje, pelo Papa Francisco, já eram defendidas por Marcos Noronha como Padre e Bispo. O sonho dele, de uma Igreja mais igualitária, preocupada com os mais necessitados, está se tornando realidade". (Bernardo Fróes Bicalho)
Bernardo Fróes Bicalho, portador de paralisia cerebral é jornalista, formado pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, pós-graduado em Comunicação e Cultura (UNI-BH) e Língua Portuguesa (PUC/MG).Atuou como revisor de texto na Imprensa da Câmara Municipal de Belo Horizonte e fez estágio, de 2008 a 2010, na PRODIGITAL, onde também fazia revisão de textos, além de edição de vídeo e atualização de site. Bernardo é colunista regular de www.eficienciaespecial.blogspot.com. Em 2010, criou o site www.marcosnoronha.com.br que resume a trajetória de vida de Marcos Noronha, protagonista da biografia que lança no dia 03.
"Marcos Noronha Do Chão aos Sonhos" conta a biografia de Antônio Marcos Noronha, um garoto de Areado (interior de Minas) que, desde pequeno, sonhava ser padre. Nas brincadeiras que fazia, com os colegas, ele bancava o padre, mas com a maior pose que se possa imaginar.Aos 11 anos, foi para o Seminário e, no dia 7 de dezembro de 1947, foi ordenado padre, indo morar em Guaxupé, cidade que o adotou como filho. Lá, trabalhou como Cura da Catedral, Capelão, Vigário Geral, Vigário Capitular e fundou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé. Em 1965, foi ordenado o primeiro Bispo de Itabira.Ficou cinco anos comandando a Diocese itabirana. Nesse período, ajudou na criação de três universidades na cidade. Por ser visionário, querer uma Igreja onde pobres e ricos fossem iguais e ver que isso não estava sendo possível da maneira como ele sonhava, decidiu sair. No dia em que ele deixou a Diocese, a Catedral caiu. Voltou para Guaxupé, onde foi professor e diretor da faculdade que foi fundada por ele, em 1965. Depois, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar na FEPASA.Casou-se em 20 de dezembro de 1976, vindo morar em Belo Horizonte. Aqui, trabalhou na Fundação João Pinheiro, SERPRO, PRODECOM, Secretaria de Educação e como revisor de textos, na época de Patrus Ananias na prefeitura.Marcos morreu em 1998, aos 73 anos. A partir daí, Bernardo Fróes Bicalho, então com 13 anos, começou a pesquisar e escrever sobre o tio, tão querido e admirado por ele.
Noite de autógrafos e lançamento do livro
"Marcos Noronha Do Chão aos Sonhos",
03 de novembro, segunda-feira, às 19h30,
Auditório Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras
Rua da Bahia, 1466 - Lourdes - BH - MG
Entrada Franca
Preço do Livro: R$30,00 (trinta reais)
Prefácio de "Marcos Noronha Do Chão aos Sonhos",
por Olavo Romano:
SAUDADE QUE PERMANECE, DÍVIDA QUE NÃO SE PAGA
Este livro fala de Marcos Noronha, de sua forte marca como sacerdote, educador, cidadão e ser humano raro cuja memória o sobrinho Bernardo se empenha em perpetuar.
O projeto nasceu com a morte de Marcos, há dezesseis anos.
Como sacerdote, Antônio Marcos Noronha era presença expressiva na Igreja e na vida dos fiéis, cujas alegrias e sofrimentos acompanhava de perto, desde o tempo em que, apeando de sua lambreta, batia palmas à porta ou varava casa adentro numa alegre falta de cerimônia que a todos encantava.
Profundamente comprometido com sua vocação missionária, chegou a Bispo, desenvolvendo fecunda obra na Diocese de Itabira, cidade para onde seus restos mortais foram trasladados. No dia em que comunicou à comunidade sua decisão de renunciar ao sacerdócio, conta-se que a torre da igreja caiu e o prefeito suicidou.
Convivi com Marcos Noronha, que muitos continuavam chamando de Dom Marcos, na Fundação João Pinheiro, na Secretaria da Educação e do Planejamento. No PRODECOM - Programa de Desenvolvimento de Comunidades, vivemos com entusiasmo a pioneira experiência de planejamento participativo na administração pública mineira. Na Favela do Cafezal, Marcos orientava animadas assembleias em que os moradores, no fecundo e democrático exercício da cidadania, definiam livremente suas prioridades, mesmo na vigência da ditadura militar. A primeira obra foi um chafariz, inaugurado com a presença do governador Francelino Pereira e Dona Latife, do secretário Paulo Haddad, do prefeito Maurício Campos. Com o amadurecimento do processo de decisão coletiva, vieram a urbanização de favelas, a regularização de lotes, permitindo o financiamento de melhorias das casas, num inédito envolvimento popular nas decisões coletivas.
Antes, Marcos como Superintendente Educacional, eu como Chefe de Gabinete da Seplan, passamos noites intermediando, com a liderança do magistério estadual, o fim da greve que se estendia por longo tempo sem solução.
A fraterna amizade nos levou a uma sociedade na compra de uma sala no centro da cidade, cada um buscando no outro o tino comercial que lhe faltava. Percebido o engano recíproco, foi com alívio que encerramos a fugaz parceria.
Conheci Bernardo ainda adolescente. Trabalhei com seu pai, de quem continuo amigo. Tornei-me amigode sua mãe, irmã de Zélia, viúva de Marcos, com quem mantenho antiga amizade. Mas Bernardo, com sua irresistível simpatia e capacidade de comunicação, capturou-me para sempre no círculo de seus numerosos admiradores, que inclui a nata da nossa cultura popular, reunida em memoráveis saraus em sua casa, nos quais o anfitrião exibe seus dons de cantor e compositor.
Guerreiro que venceu limitações de fala e movimento construindo uma vida plena de alegria e otimismo, Bernardo cumpre, com este livro, um compromisso de sua alma: perpetuar a memória do tio, que ele sempre chama de Pô. Citando frase de meu depoimento, "A pior morte é o esquecimento", Bernardo achava que, contando a história de Marcos, a saudade iria diminuir. Mesmo isso não tendo acontecido, resolveu levar adiante o projeto.
Depois de longa incubação, o antigo propósito ganhou novo ímpeto. Em pouco tempo, retomou as entrevistas, transcreveu fitas antigas, repassou depoimentos de parentes, amigos e colegas do Pô, e cumpriu o compromisso que o afeto plantara em seu coração. Assim, podemos testemunhar o resgate de uma vida inteira, desde o nascimento, em Areado, a infância de um menino comum, que cresceu entre primos e irmãos, brincando e brigando, como qualquer criança. Muito inteligente, mas também muito levado, Marcos, desde cedo, sonhava ser padre. Paramentado com jornal, celebrava missas de brinquedo, antes de virar coroinha. Com oito anos, desapareceu, sendo encontrado na cadeia, conversando com os presos.
No exaustivo garimpo para reconstituir uma existência rara, Bernardoreviveu e revolveu o tesouro da amorosa relação entre um menino e seu admirado tio. "Falar nele, para mim, é muito fácil, ao mesmo tempo, muito difícil", confessa o autor.
Nas lembranças permanentes, a presença constante: à fisioterapia, à natação, à equitação, ao shopping, com parada obrigatória nas livrarias. O primeiro livro, não dá para esquecer: "Comédias da Vida Privada", do Luiz Fernando Veríssimo. E, todo dia, o infalível, esticado e divertido bate-papo.
Nas aulas de História com a tia Zélia, se o telefone a chamava, era sagrado: ele levava o "sem fio" para ela, tio e sobrinho aproveitavam a oportunidade extra para conversar um pouco mais, torcendo para o telefonema durar muito - e o papo também.
Tratado como adulto, o menino adorava conversar com o tio que tinha alma de criança. E vice-versa.Muitas vezes, casa cheia, os dois escapuliam para brincar, rir e bater papo. Marcos contava casos e piadas engraçadas, lia trechos selecionados, pegava um caderno de anotações, que Bernardo batizou de "Diarinho", contos do livro dele no Caderno de Endereços. Adorava que oBê fosse dormir na casa dele, recebia o sobrinho de braços e coração abertos, o sorriso constante a iluminar a convivência.
Com este livro, Bernardo cumpre o desejo, o compromisso de reverenciar a memória do tio querido, de impedir que Marcos Noronha seja esquecido. É um salto admirável a estreia deste jovem valente e talentoso na literatura. Ainda assim, ele diz, amorosamente agradecido: "Qualquer homenagem que eu fizer, ainda é pouco, pela importância dele na minha vida.".
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