Profissionais de que atuam em serviço gratuito no Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes foram demitidos e não há data para recontratação.
(descrição foto: Trabalho é voltado para pessoas com necessidades especiais como autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral, entre outras) |
Mais de 300 pessoas com deficiência e necessidades especiais atendidas pelo Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat), no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, tiveram as atividades paralisadas ontem por falta de profissionais. O único que oferece o serviço gratuito em Minas Gerais fica fechado por tempo indeterminado. Há 15 anos, o Cercat oferece reabilitação para pessoas com deficiências neuromotoras, autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral, hidrocefalia e ainda para pacientes com sequelas de acidente vascular cerebral e traumatismo craniano. Hoje, a lista de espera para atendimento tem mais de mil nomes.
Os problemas no Cercat começaram no ano passado quando o Ministério Público determinou que somente concursados poderiam trabalhar no local. Segundo o sargento José Geraldo Nunes, subcoordenador do centro de equoterapia, todos os profissionais foram demitidos. Como o pagamento do corpo técnico é de responsabilidade da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), uma negociação com a Secretaria de Estado da Saúde garantiu a continuidade das atividades do Cercat após a liberação da verba de R$300 mil. Contudo, as regras para a contratação inviabilizaram a continuidade do trabalho.
“Precisávamos de uma entidade sem fins lucrativos para gerir esse recurso e a Fundação Dom Bosco se tornou nossa parceira. Mas o Estado diz que os contratos não podem ser superiores a um ano. Também não permite o registro em carteira ou o pagamento de qualquer outro direito trabalhista. Nenhum profissional da saúde vai aceitar essas condições, quanto mais profissionais qualificados como os que precisamos aqui. A verba está lá e não podemos trabalhar”, lamenta o sargento Nunes.
Benefícios
Para as famílias, o impasse causa apreensão, já que a continuidade é fundamental para o tratamento e a interrupção prolongada pode significar a perda dos benefícios adquiridos. A terapeuta Fátima Coelho esperou por quatro anos uma vaga para a filha Melissa, de 12 anos, que tem paralisia cerebral. Há um ano Melissa faz equoterapia e os resultados são visíveis, segundo a mãe. “Minha filha já está andando a cavalo sozinha. A equoterapia ajudou a melhorar a postura, o equilíbrio, a marcha, a fortalecer o tronco, é muito importante para ela. Vai ser muito ruim para os praticantes se não houver uma solução rápida para o problema”, ressalta Fátima.
A Secretaria de Estado da Saúde informou em nota que liberou recursos por meio de convênio para o centro, porém eles não são destinados para contratação de pessoal, mas sim para manutenção das atividades. A gestão do centro cabe à própria Polícia Militar.
O comandante da Cavalaria, tenente coronel Mac Dowel, rebate as informações da Secretaria de Estado da Saúde e diz que a Fhemig é a responsável pelo pagamento dos profissionais. Segundo ele, desde que foi criado o centro já atendeu 60 mil pessoas e a PM arcou com todas as despesas com a manutenção do espaço, tratamento dos cavalos e pagamento de militares.
PALAVRA DE ESPECIALISTA: David Castelo Branco, psicólogo especializado em equoterapia
“A equoterapia é um trabalho diferente dos tratamentos tradicionais pois não é feito em consultório ou hospitais. É um tratamento lúdico, feito em ambiente aberto e que tem o animal como facilitador do trabalho. Em 30 minutos de sessão o cavalo transmite de 1.800 a 2.200 estímulos no corpo do praticante. É uma estimulação sensorial muito grande e o resultado esperado é muito mais rápido do que somente dos tratamentos convencionais. A equoterapia melhora a parte motora, mental e de comportamento. Também traz bons resultados para a marcha, a respiração, a coordenação do tronco, o tônus muscular, a coordenação motora fina, além de facilitar a integração social e elevar a autoestima. Todo este trabalho tem como principal objetivo a independência do praticante.”
(FONTE: Estado de Minas, 05/06/12, Minas - por Andréa Castello Branco)
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