domingo, 10 de julho de 2011

OLHARES SOBRE MARISOL CARRETERO E SUA FAMÍLIA MUITO ESPECIAL

(descrição foto: Marisol Carretero, 7 anos, vestida de roupa flamenca, em branco e vermelho, sentada em banco de um conversível amarelo - foto: Márcia Francisco)

Em sua crônica domingueira no Jornal Estado de Minas, deste domingo, 10 de julho, a sensível escritora Déa Januzzi escreveu sobre a encantadora menina Marisol:

"Ela só tem 7 anos, mas roubou a cena na Romeria del Rocio, procissão realizada em Belo Horizonte, há 20 anos, por Fátima e Carlos Carretero, do La Taberna, Centro de Cultura Flamenca. Vestida com a roupa típica da região de Andaluzia, Marisol estava à vontade entre babados e sevilhanas. Toda a família dança, sob os olhos orgulhosos do avô Carlos Carretero.
Fátima, a avó, dá aulas de dança flamenca. Transforma-se ao som de castanholas, leques, véus e vestidos rodados. As filhas Aixa e Marien não ficam atrás, encontraram a sintonia perfeita. Quando elas dançam, os leques voam, as castanholas cantam e a alma fica em festa.
Desta vez, Marisol conquistou seu lugar e emocionou a plateia na Rua Antônio de Albuquerque, onde a procissão parou depois de desfilar pela cidade com a imagem da Virgen del Rocio em uma carroça, arrebatando os devotos dessa tradicional festa religiosa da província de Huelva, em Almonte. Muitos seguiram a procissão a pé e levaram donativos que seriam distribuídos depois para diversas entidades assistenciais.
Ao ver a avó Fátima, a mãe, Aixa, e a tia Marien subirem ao palco para dançar, Marisol correu pelas escadas, deu a mão para as bailarinas e ainda chamou o avô Carlos para vir também. Portadora da síndrome de Down, Marisol parecia um anjo, com os cabelos louros e os olhos azuis como os da mãe. Ao som das sevilhanas, Marisol parou o trânsito e a festa. Acostumada a ver a família envolvida com a dança flamenca, ela não fez por menos. Mostrou que tem no sangue o calor das rumbas, das sevilhanas e dos tangos de Granada, terra do avô, que teve de parar de fazer a paella para atender ao pedido de Marisol.
Ninguém podia imaginar que a menina de olhos puxados fosse capaz de arrebatar o público com o charme flamenco. Fátima conta que Marisol sempre fica inquieta quando ouve a música e as palmas das sevilhanas porque quer dançar. Pelo caminho da procissão, Marisol desfilou imponente ao lado da santa e da mãe, Aixa, que não desgruda dela nem um instante. As duas formam uma dupla especial. Aos 19 anos, Aixa já arrancava aplausos das pessoas por sua beleza e talento para a dança flamenca, mas ainda nem sabia o que era o mundo quando se casou, ficou grávida e teve Marisol.
O cronista e escritor Roberto Drummond não conheceu Marisol, mas depois de ver Aixa dançar no La Taberna escreveu sobe ela num guardanapo do restaurante, em 27/09/1998: “Ah, Senhor, olhai pela bailarina/ com seu ar de menina/para que dançando/um milagre ela vai operando/e enquanto dure sua dança/cresça a esperança/no agitar de sua trança/e venha a bonança para o Brasil, Amém/Quero a bailarina porque dançar é a sua sina/ dançando na Lua e entre árvores/ quero escrever na Lua o nome da bailarina Aixa Carretero...”A menina, Roberto, virou mulher e teve que aprender sobre o amor incondicional das mães, sobre os desvios de rota. Aixa continua iluminada depois de tudo. Assistir hoje a mãe, irmã e avós dançarem com Marisol é constatar o milagre anunciado pelo cronista. Pois nos olhos azuis de Marisol faíscam os mistérios da vida."
(Fonte: Jornal Estado de Minas, Caderno Bem Viver - 08/07/2011)
Sobre a criança, veja também: o  vídeo feito por mim, publicado neste blog, no dia 08/07, referentes ao mesmo evento:
http://eficienciaespecial.blogspot.com/2011/07/em-bh-romeria-del-rocio-e-inclusao.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário