sábado, 4 de fevereiro de 2012

“Meu filho nunca me impediu de nada”, afirma Isabel Fillardis, mãe de uma criança com Síndrome de West

Isabel Fillardis com os filhos, Jamal Anuar e Analuz
(Descrição imagem: Isabel Fillardis com os filhos, Jamal Anuar e Analuz)















Apesar da doença de Jamal, hoje com oito anos, atriz se diz disponível e com vontade para trabalhar
Ano passado os fãs puderam matar as saudades de Isabel Fillardis, 38 anos, no último capítulo de Insensato Coração. Só que essa pequena participação especial, não foi o suficiente para satisfazer a atriz, que sente muita falta de atuar nas novelas. Afastada há dois anos, quando integrou o elenco de Malhação, ela fala que é contratada pela TV Globo, mas que não se sente confortável em receber um salário e ficar dentro de casa. ”Eu já me coloquei à disposição. A gente só evolui em uma profissão, quando exerce”, fala.
Muitos acompanharam o drama pessoal da atriz . Casada com o advogado Júlio César e mãe de Analuz, hoje com 10 anos, Isabel ficou grávida de seu segundo filho, Jamal Anuar. Dois meses após o nascimento do menino, descobriu que ele era portador da Sindrome de West, um tipo de epilepsia que altera o desenvolvimento mental. Foi assim que ela decidiu lutar pela causa dos portadores da doença e, em 2006, lançou a campanha A Força do Bem, dedicada a promover auxílio a pessoas que necessitam de cuidados especiais (deficientes visuais, mentais, auditivos e/ou motores).
Hoje, Jamal tem oito anos. E Isabel comemora o fato dele estar matriculado e bem aceito na escola. Ela também conta com outro motivo para comemorar. Acabou de ser escalada para um musical da Brodway, A Cor Púrpura, previsto para estreiar em São Paulo até o início do ano que vem.  Além disso, está em um projeto de teatro infantil, A turma do Pererê, um programa de rádio sobre Meio Ambiente. Mas a atriz, conhecida do grande público pelo personagem Ritinha, de Renascer (1993), não vê a hora de voltar para as novelas.  ”Meu filho me ensinou a ter paciência e a olhar para os lados. Não existe só um caminho”, emociona-se. A seguir os principais trechos da entrevista dela:
CONTIGO ONLINE: Você sempre foi bastante ativa nas novelas. Por que não aparece tanto ultimamente?
Isabel Fillardis: Eu vou ser bem sincera. Eu não estou trabalhando por que não me chamam. Eu estou disponível, estou contratada na Rede Globo.  Já tem quase dois anos que eu fiz Malhação, mas desde aí, estou apta a trabalhar de novo. Aparentemente, eu estou em uma posição confortável, mas na verdade não é.  Não é confortável você estar em casa, recebendo, com um contrato de exclusividade e não trabalhar. Você só consegue melhorar, brilhar e evoluir dentro de uma profissão quando a exerce.
CONTIGO ONLINE: A que você atribui a falta de convites para trabalhar na TV?
IF: Na verdade, são várias questões. Lógico que o mercado hoje está muito mais disputado do que dez anos atrás.  Eu já tenho quase vinte anos de emissora. Acho que atualmente existe até uma certa inversão de valores. Costumam valorizar sempre os mesmos atores e outros ficam esquecidos.
CONTIGO ONLINE: Regina Duarte veio a público e se queixou da falta de convites para bons trabalhos.  Isso afetou você de alguma forma?
IF: Sim, claro. Pensei logo, nossa uma atriz como a Regina. ”no canto”, como assim? Se está ruim para ela, quando mais para mim?(risos). Atores como Regina, Antonio Fagundes, Tarcísio Meira fundaram aquela emissora, praticamente criaram a teledramatugia. Acho que agora, as coisas já estão começando a mudar para mim. Eu sei que no mercado tem muita gente boa, mas também tem muita gente ruim e acabamos muitas vezes fazendo comparações. Só que já passei dessa fase.
CONTIGO ONLINE: Você credita que o fato de seu filho precisar de mais dedicação ou cuidados especiais também possa afastar os convites?
IF: Sim.  Eu achei necessário me apresentar na emissora de peito aberto e me colocar disponível para o trabalho. Muitas pessoas estavam pensando que eu estava muito ligada aos trabalhos sociais ou ainda muito comprometida com o meu filho. Gente!! Comprometida com meu filho, eu vou ficar a vida inteira. Hoje meu filho está em uma condição de vida muito melhor. Foi uma batalha, mas consegui colocar ele em uma escola, onde está sendo muito bem aceito. Então, falar que eu estou comprometida com qualquer outra coisa, não é verdade. Estou apta a trabalhar sim!
CONTIGO ONLINE: Você chegou a pedir um tempo no trabalho para se dedicar exclusivamente ao seu filho?
IF: Não. Acho que na verdade, o pessoal da emissora percebeu. A barra foi muito pesada. Os primeiros anos de vida dele foram períodos conturbados para mim. Só que mesmo assim eu trabalhava. Ele nunca me impediu de fazer nada.  Eu estava contratada e por isso sempre me coloquei disponível.
CONTIGO ONLINE: Como o Jamal está hoje? O que você aprendeu através dele?
IF: Muito melhor. Ele está quase caminhando sozinho.  A gente também está conseguindo uma comunicação muito maior com ele, apesar dele não estar falando. Nós tivemos muitos ganhos, mas muitos mesmo com o Jamal. O aprendizado que ele me passou, principalmente nesse período mais afastado da TV, foi a ter paciência. Ele me ensinou a olhar para os lados, ver que a coisa não acontece só com você, ver que existem outras possibilidades, não existe um caminho só.
(fonte: Contigo)

Diário de jovens mães (Revista Isto É)
Isabel Fillardis, 32, descobriu que o filho Jamal, 3 anos, tinha uma síndrome que causa atraso no desenvolvimento psicomotor. Veja  o que ela escreveu para seus filhos.
Queridos Jamal e Analuz,
“Você, Analuz, nasceu em um parto normal, que poderia chamar de tranqüilo. Quando você estava com um ano e meio, mamando no meu seio ainda, nossa casa ficou pronta. Fiz loucuras. Carreguei caixas, lavei chão. Não sentia nada. Depois de um tempo, vieram os enjôos, a falta de apetite. Quando fui ver, estava grávida do seu irmão, Jamal.


Você, meu filho, nasceu em uma cesárea aflita. O cordão umbilical se enrolou no seu pescoço – e depois, para a nossa preocupação, na sua cintura. Passado o susto, estava tudo bem. Mas comecei a achar que havia algo estranho na amamentação. Você tinha dificuldade de sugar o leite. Me sentia péssima. Eu não desisti e lhe dei meu leite com colherzinha até os seis meses. Você se submeteu a um encefalograma e os médicos constataram a síndrome de West (uma doença que deteriora os neurônios e causa atraso no desenvolvimento psicomotor), quando tinha cinco meses. Até os dois anos, eu e seu pai Júlio César precisamos levá-lo ao hospital várias vezes. A síndrome deixa seqüelas respiratórias e qualquer resfriado podia se converter em uma bronquiolite. Eu sofria, mas não me revoltei. Sempre mantive a fé de que você ia vencer. E venceu. Em agosto, um novo encefalograma revelou que você venceu a síndrome de West. Mas só teremos certeza da vitória plena quanto você atingir sete anos, idade considerada crucial para o crescimento da criança. Jamais deixo de estar vigilante. Nossa rotina semanal inclui quatro sessões de fisioterapia, duas de fonoaudiologia, uma aula de equoterapia (com cavalos), e logo você fará psicoterapia e terapia ocupacional.
Filho, você me ensinou muito sobre superação. Crianças especiais são como borboletas. Têm o tempo certo de florescer, pôr as asas e sair do casulo. Gostaria que todas as mães do mundo vibrassem a cada movimento dos filhos. Uma das conquistas que mais me emocionaram foi o seu sorriso. Você tinha um ano de idade quando o vi abrir um enorme pela primeira vez. Estava ajoelhada na sala contando uma história para sua avó, que o ninava. De repente, eu me joguei no chão. Perplexa, notei que você estava gargalhando. Ajoelhei, me atirei de novo e você voltou a soltar um sorrisão. Eu ria e chorava. Vê-lo feliz me fez sentir muito poderosa. E tenho me sentido cada vez mais assim, com munição e fé para lutar ao lado de vocês.”
(Fonte: Revista Isto É)

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