quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Smartphones para deficientes auditivos

Aplicativo de celular amplia a capacidade de comunicação de surdos, traduz a linguagem dos sinais para a linguagem falada e vice-versa
 Seis estudantes de ciência da computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ficaram em segundo lugar na 9ª Edição do Imagine Cup 2011, realizada em Nova York, em julho. Seu aplicativo para telefone celular, capaz de traduzir a Língua Brasileira dos Sinais para o português falado e escrito, e vice-versa, foi premiado na categoria de interoperabilidade na olimpíada de tecnologia e computação, promovida pela Microsoft.
O objetivo do projeto é o de contribuir para a inclusão social de deficientes auditivos. O aplicativo, batizado de Prodeaf, permite a esse deficiente realizar ligações telefônicas, enviar mensagem via SMS e também conversar com pessoas que não conhecem a linguagem dos sinais. Isso pode ocorrer em locais abertos ou fechados, na rua ou em prédios e casas.
 Funciona, resumidamente, da seguinte forma: a câmera de vídeo do aparelho celular captura os sinais realizados pelo deficiente, que são processados pelo servidor e traduzidos em voz na língua portuguesa. Na situação inversa, a pessoa fala ao microfone do aparelho e sua mensagem, depois de processada, é convertida por meio de um processo de mutação (avatar), que produz os sinais.
 O aplicativo foi desenvolvido para ser utilizado pelo sistema operacional Windows Phone 7, cujo lançamento no Brasil está previsto para o mês de outubro. A plataforma utilizada é a Azure, um servidor basea­do nos conceitos da computação nas nuvens. “Escolhemos esse servidor porque ele permite que 10 ou 100 usuários utilizem o serviço com a mesma qualidade técnica no mesmo momento”, informa Flávio Almeida, um dos estudantes premiados.
 O software já é uma realidade e os estudantes agora querem seu aperfeiçoamento. Flávio explica que “a linguagem dos sinais possui uma série de variações”, e, além disso, há características regionais, pois a forma como se fala em Pernambuco não é exatamente a mesma de São Paulo. “Então teremos de fazer uma pesquisa ampla para atender a todas as regiões do país. Nós trabalhamos primeiramente para levar à competição o conceito do aplicativo”.
Inclusão social - O projeto destacou-se na competição internacional por estar diretamente sintonizado com as Oito Metas do Milênio, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), e tema da competição deste ano. “Existem no mundo cerca de 150 milhões de pessoas com deficiência auditiva. Pensando nisso, nós conseguimos, por meio de uma tecnologia inovadora, criar um instrumento prático que vai integrar essas pessoas, geralmente isoladas, à sociedade, e fazer com que vivam de forma normal”, ressalta Flávio.
 O Prodeaf também possibilita a interação nas redes sociais, o acesso às informações de programas de rádio e televisão, além do acesso ao conteúdo de documentos de texto e planilhas pertencentes ao Open XLM, como o Word e o Excel.
 Ana Valencia é intérprete de sinais da Associação de Surdos de Pernambuco (Asspe), testou o sistema e aprovou. Para ela, “a maior barreira na vida dos surdos sempre foi a comunicação e, por isso, a nova tecnologia significa a independência para muitos deles”.
 O Prodeaf foi bem aceito pelo pessoal da entidade, e “todos os deficientes que tiverem condições certamente vão querer ter acesso a ele”, acredita Nelson Valença, que preside a Asspe.
 O prêmio da Imagine Cup contribuiu também para o surgimento de uma fábrica de software de caráter social, tendo os membros da equipe como fundadores. “A ideia de desenvolver um produto para surdos se deu antes mesmo de pensarmos em participar da competição, devido à amizade de um dos integrantes com um deficiente. Por isso já tínhamos interesse em desenvolver algo que ajudasse as pessoas. Mas agora, com o projeto consolidado, certamente o caráter social já faz parte do nosso DNA”, conta Flávio.
 A perspectiva é que, em até dois anos, o aplicativo esteja disponível no mercado para ser comercializado em lojas virtuais. O custo é estimado em torno de 10 dólares.
 O projeto para o desenvolvimento da primeira via do aplicativo, que transforma a voz na linguagem dos sinais, acabou de ser aprovado em edital de apoio a propostas inovadoras do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e deve estar disponível no mercado em 18 meses. Ainda não há previsão para o lançamento da segunda via, que transforma os sinais em voz.
(FONTE INOVA - matéria LAÍS CORREARD)
Se for possivel, veja o vídeo sobre o aplicativo  Prodeaf:

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