domingo, 22 de julho de 2012

Aplicativo para celular alerta deficientes visuais sobre obstáculos nas cidades

(descrição imagem: meramente ilustrativa, personagem de Maurício de Souza - Dorinha, deficiente visual)
 O aplicativo, batizado de Smart Audio City Guide, foi criado por três alunos do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, e premiado recentemente na Imagine Cup, competição promovida pela Microsoft

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um aplicativo para celulares que busca tornar mais seguro o deslocamento de pessoas com deficiências visuais pelas ruas das cidades. O programa permite o compartilhamento de mensagens e cria um meio automático de comunicação que armazena e disponibiliza avisos sonoros para os usuários. Assim, ao passar por um local em que há, por exemplo, um buraco na calçada, a pessoa pode sinalizá-lo. A informação se tornará então disponível aos demais, que serão alertados do perigo quando passarem por aquele ponto.

O aplicativo, batizado de Smart Audio City Guide, foi criado por três alunos do Instituto de Matemática e Estatística (IME), e premiado recentemente na Imagine Cup, competição promovida pela Microsoft. O sistema é coletivo e se alimenta da colaboração dos usuários. Conforme as pessoas adicionam avisos, o aplicativo constrói um verdadeiro mapa sonoro dos detalhes das ruas, como altura dos meios-fios, existência de escadas ou estado das calçadas. Como ele é público, qualquer um poderá postar, modificar ou deletar mensagens, formando uma rede em constante construção.

As informações são geolocalizadas, isso é, são relacionadas a um determinado local. Os avisos são ativados quando o aplicativo reconhece que o usuário está no mesmo local onde estava a pessoa que o postou. Os criadores explicam como o invento funciona: quando uma pessoa encontra, por exemplo, uma rampa ao lado de uma escada, basta gravar uma mensagem sonora no aplicativo avisando do caminho alternativo. “Essa mensagem é gravada na nuvem e fica acessível para qualquer um que tenha o programa. Cada uma é associada a uma coordenada, baseada no GPS do telefone”, diz Renata Claro, de 24 anos, uma das criadoras do programa. Quando outro usuário do aplicativo passar pelo mesmo lugar, o smartphone toca automaticamente em um fone bluetooth a mensagem que avisa do obstáculo.

Mobilidade urbana

O aplicativo começou a ser desenvolvido pelos formandos do curso de ciência da computação em novembro de 2011. Os alunos se interessaram pela competição Imagine Cup e pediram a orientação de alguns docentes sobre como poderiam inscrever um projeto que atendesse a exigências do concurso: funcionar no sistema Windows Phone e atender a um dos oito objetivos do milênio. Foi decidido que eles iriam desenvolver um programa de participação coletiva que estabelecesse “uma parceria mundial para o desenvolvimento”.

O professor Artur Rozestraten, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), sugeriu aos três que criassem um sistema móvel capaz de transmitir informações georreferenciadas. “A motivação desse projeto surge do reconhecimento de uma necessidade de amparo aos deficientes visuais para a mobilidade urbana”, resume Rozestraten no vídeo de apresentação do aplicativo. “O projeto supõe uma rede social, na qual deficientes visuais conseguem compartilhar informações em áudio georreferenciadas e que podem servir de apoio no deslocamento nas cidades”, acrescenta. Os alunos também receberam a orientação do professor Marco Aurélio Gerosa, do Departamento de Computação.

Com o tempo, especulam os alunos, será possível construir um mapa detalhado da rua sob a perspectiva dos próprios deficientes visuais. Além da vantagem das informações sonoras, que não requerem leitura, as instruções serão moldadas de acordo com as dificuldades e facilidades encontradas por pessoas com as mesmas limitações. “Não é para substituir a bengala, é só uma coisa a mais. Sabemos que os deficientes visuais só vão para lugares que já conhecem, e sempre pelo mesmo caminho. Nossa ideia é que eles possam ir para qualquer lugar, sem ter medo”, ressalta Thiago Silva, de 23, outro responsável pelo projeto. A equipe é completada pelo aluno Gabriel Reganati.

O aplicativo ainda não está aberto ao público, e passa por testes e melhorias. Até o fim do ano, os estudantes pretendem adaptar o projeto para o sistema Android e disponibilizá-lo gratuitamente para download. Nos próximos meses, os criadores trabalharão para tornar o sistema mais preciso e atraente, além de ampliar o servidor para que comporte mais usuários.
“Já sabemos que eles não querem que o aplicativo fale o tempo todo no ouvido deles. Então, estamos tentando fazer um ranqueamento das mensagens mais importantes, para que o usuário possa escolher o que deseja ouvir”, exemplificou Thiago. Eles também estudam outros aperfeiçoamentos, como a criação de uma ferramenta que use a rede wireless para ajudar no mapeamento de prédios.

(fonte:  Correio Braziliense  - por Roberta Machado)

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