Item já é vendido, mas especialista alerta que não é indicado para todos
(descrição imagem: crianças usando upsee, junto aos pais)
Caminhar, um ato comum na vida da maioria das pessoas, é um sonho para quem sofreu uma lesão cerebral ou medular. Mas esse desejo ficou mais perto da realidade de alguns com um traje especial recém-lançado para que crianças com limitação de movimentos tenham a experiência de caminhar.
Chamado de UpSee, o apetrecho foi inventado pela violinista israelense Debby Elnatan, cujo filho Rotem, 19, tem paralisia cerebral. “Ele passava a maior parte do dia sentado e não deveríamos ter ficado surpresos quando o fisioterapeuta disse que Rotem não sabe o que são suas pernas. Mas eu chorei por duas semanas”, lembra Debby em entrevista a . O TEMPO
Para facilitar a brincadeira e incentivar o aprendizado do filho na infância, ela começou a desenvolver em casa um cinto, que manteria Rotem de pé, unido a ela. A invenção deu tão certo que o apetrecho passou por adaptações e agora está sendo comercializado pela empresa norte-irlandesa Leckey ao custo de US$ 540 (R$ 1.200).
Amor. Minas tem um caso semelhante. O amor pelo filho e a vontade de vê-lo se divertindo com outras crianças foi o que também impulsionou o advogado mineiro Alexandro Faleiros, 38, a inventar uma bota especial que permitisse Felipe, 15, a jogar futebol.
“Comecei usando ataduras. Nos fins de semana, amarrava nossos pés para brincar em casa”, conta. Felipe tem uma paralisia motora, causada pela falta de oxigênio durante o parto. Mas tem todas as funções cognitivas e intelectuais normais. O pai, agora, busca por incentivo e parcerias para conseguir levar a invenção a outras crianças.
No caso do UpSee, que já pode ser comercializado, ainda não há pesquisas científicas que comprovem seus benefícios. Além disso, ele não deve ser usado por qualquer pessoa.
“Certamente (o UpSee) não poderá ser usado por crianças com deformidades ortopédicas em graus avançados, ou com demência de grau moderado a severo”, prevê o fisiatra Carlos Souto dos Santos Filho, da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.
Por outro lado, com o UpSee, a criança consegue melhorar a postura e pode até caminhar com a ajuda de um terapeuta ou dos pais. “Quando a criança tem um ganho funcional, acaba havendo melhora cognitiva e na função sensorial”, explica. Segundo o médico, há também melhora no padrão de marcha (caminhada), que se refletem nos outros campos.
Mas é preciso ficar atento. O paciente que não tiver indicação para o uso do UpSee poderá sentir dores se usá-lo. Além disso, o apetrecho pode desencadear lesões nos músculos e tendões e até fraturas nos membros inferiores. “O que recomendamos é que as pessoas sempre busquem a opinião do seu médico especialista em reabilitação antes de recorrer a essas técnicas”.
(fonte: O Tempo)